Capítulo 2 - Parte 2

COMO APOIAR UM/A AMIGO/A QUE ESTÁ A SER VÍTIMA DE ABUSO?

O QUE O/A SEU/SUA AMIGO/A PODERÁ ESTAR A PASSAR

1. SENSAÇÃO DE APRISIONAMENTO E MEDO

O comportamento abusivo pode criar uma sensação progressiva de aprisionamento e medo. “As opções, as escolhas e a capacidade de decidir por si próprio diminuem cada vez mais” (Stark, 2007)

2. OS PASSOS PARA POR FIM A UM ABUSO NÃO SÃO LINEARES

São raros os casos em que acabar com o abuso é um processo direto e preciso. É importante saber que, mesmo que se registem progressos, as relações podem voltar aos estados anteriores.

O QUE O/A SEU/SUA AMIGO/A PODERÁ ESTAR A PASSAR

3. A COAÇÃO É CONTÍNUA - E NÃO EPISÓDICA
O ABUSO SEGUE UM PADRÃO REPETITIVO

O/A seu/sua amigo/a que está a sofrer maus tratos poderá dizer-lhe que as coisas acabarão por se resolver - isto pode dever-se ao facto de estarem numa fase “calma” antes de surgir uma nova situação de tensão.

Você
Como estão a correr as coisas? Disseste que tinha gritado contigo toda a noite passada e depois não soubemos nada de ti durante uma semana. Estávamos preocupados

A SEGURANÇA DO/A SEU/SUA AMIGO/A ESTÁ PRIMEIRO

Deve dar sempre prioridade à segurança da pessoa que está a ser vítima de abuso.

O fim da relação pode ser o momento mais perigoso.

A maior parte dos ferimentos graves, ou mesmo a morte, resultantes de violência doméstica e de violência num relacionamento ocorre quando o alvo da violência tenta sair dessa relação.

75% das mulheres mortas pelos seus parceiros e 85% das mulheres que sofreram violência grave estavam a tentar deixar os seus parceiros.

É também por isso que “acabar com a relação” pode ser diferente de “acabar com o abuso”.


Fonte : Departamento de Justiça dos EUAhttps://www.ojp.gov/pdffiles1/jr000250.pdf
PORQUE É QUE A SUA REAÇÃO É IMPORTANTE
66% DAS VEZES, A PESSOA SOBREVIVENTE REVELARÁ A UM AMIGO OU COLEGA ANTES DE O FAZER A QUALQUER OUTRA PESSOA.
Mesmo que não saiba o que dizer, comece por ouvir.

Lembre-se de que a forma como reage e demonstra apoio pode influenciar a pessoa vítima de abuso - pode ajudá-la a sentir-se à vontade para voltar a falar sobre o assunto.


Johnson, I. D., & Belenko, S. (2021). Female intimate partner violence survivors experiences with disclosure to informal network members. Journal of interpersonal violence, 36(15-16), NP8082-NP8100.

SITUAÇÃO

Enquanto Jordan está fora da cidade nessa noite, Alex vai jantar consigo e com alguns amigos.
A meio do jantar, Alex diz: “Jordan tem sido horrível para mim ultimamente. Está sempre a humilhar-me em público e a seguir a minha localização no telemóvel. Já ameaçou deixar-me ou fazer ainda pior. Na verdade, acho que isto é bastante doentio...”.
O tema desenvolve-se e a conversa continua mais tarde nessa noite no grupo de chat.
Você
Há quanto tempo permites isto? É preciso dizer-lhe para parar.
Você
Olá, queria falar contigo em privado. Se quiseres falar sobre o que se está a passar, estou aqui para ti.

SITUAÇÃO

NOVAS SITUAÇÕES
Voltamos à conversa sobre Jordan e Alex.
Alex
Olha, teres gritado comigo ontem à noite ainda me está a perturbar. Foi horrível, e tu sabes que o Mark é só um amigo.

SIM

1. Escutar e partir de uma posição de crença e confiança.

2. Seja a pessoa com quem as vítimas podem falar.

3. Ajude-as a desenvolver um plano de segurança - expresse as suas preocupações relativamente à sua segurança.

4. Disponibilize recursos para as ajudar a determinar o melhor caminho a seguir.

NÃO

1. Não fazer demasiadas perguntas.

2. Não dar conselhos sobre o que devem fazer em vez de ficarem com o parceiro.

3. Não falar mal do parceiro.

4. Não partilhar informações ou confrontar o agressor sem autorização explícita.

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